segunda-feira, março 20, 2006

1º Passeio do BCG*, em BTT - Carrazeda de Ansiães

16 e 17 de Junho de 2001
.
Boas BCG´s!
Aqui estou eu desta vez incumbido, pelo nosso estimado moderador, de fazer o registo em e-mail de todos os detalhes deste magnífico passeio, e como tal, e com muita honra aqui fica registado o: 1º Passeio do BCG, em BTT, na Vila de Carrazeda de Ansiães
Tudo começou muito antes desta data, quer em Carrazeda quer no Porto (só, infelizmente), os objectivos foram postos em cima da "mesa": - Bicicletas, boas paisagens e cerca de 40km - Cultura, conhecer a vila e o concelho bem como a sua história - Gastronomia....palavras para quê?!.
O passeio em bicicleta dividiu-se pelos 43km feitos no sábado de tarde e pelos 13km feitos no domingo de manhã, felizmente a temperatura e a luz solar estiveram bastante agradáveis para a prática de BTT, aliando a isto a muito boa disposição de todos, que subiu em flecha assim que chegou o Javali e as garrafas de vinho á mesa mas em relação a isso já lá vou. Fomos 18 felizardos neste passeio com idades compreendidas entre os 10 anos do Pedro (esta semana faz 11 e vai ter uma bike nova) e os 67 de um Sr Portista que passeou as suas qualidades do principio ao fim, os BCG´s também lá estavam Rui Martins, ArturN, K2, Ximbra e moi memme, pena é que um vírus nocturno atacou os BCG´s todos e só me poupou a mim para representar o grupo no domingo!.
A paisagem deslumbrante acompanhou-nos do primeiro ao ultimo quilometro e fomos sempre muito bem recebidos e aplaudidos á medida que atravessávamos as aldeias, até pelos cães, que corriam alegremente atrás dos nossos calcanhares. Utilizando a frase de um participante: "Estivemos no paraíso do BTT".
.
Carrazeda de Ansiães
É uma zona de grande relevo, porém a sede do concelho situa-se num planalto.
No planalto domina a terra fria, e nos vales adjacentes correm as águas do Douro e Tua
.
História em Carrazeda
.
Toda a vila é muito bonita, mas vou destacar o Castelo de Ansiães que fica entre o planalto da Vila e a descida abrupta para o Douro. Neste Castelo relativamente bem conservado existem duas fortificações sendo que na forticação mais restrita existe um poço que é Monumento Nacional, destaque ainda para duas igrejas: Uma fora das muralhas e abandonada e uma dentro da muralha periférica bem conservada e vigiada.
Vale bem a pena visitar este Castelo, bem como todas as aldeias em especial Lavandeira que é uma aldeia florida, Selores e Alganhafres que têm muita história para contar, as pontes romanas de Marzagão, Vilarinho e Amedo e a Sr.ª da Graça, onde se vê todo o planalto de Carrazeda e os montes e vales a norte da mesma.
.
O Percurso
.
As amendoeiras em flor já lá vão, as macieiras e as videiras estão quase a chegar mas esta é a época das cerejas, bonitas, doces e puras. Se a isto juntarmos a beleza natural das vinhas do Douro, e mais a norte, a paisagem oferecida pela falha da Vilariça e pelo rio Tua, é estamos concerteza envoltos numa paisagem fascinante ao longo de todos os quilometras do passeio. Os trilhos foram reformulados em cima da hora porque estamos em ano de eleições e todos os presidentes de junta quiseram...destruir!!!...muitos trilhos mas mesmo assim percorremos trilhos cicláveis, largos, sempre limpos, rápidos e divertidos.

No sábado de manhã estávamos lá todos prontos para nos divertir-mos mas sempre com o javali no subconsciente.
Percorremos calmamente 43km em cerca de 4 horas desde a Vila de Carrazeda até á bonita Sr.ª da Ribeira juntoa o Douro. A 1ª parte do percurso foi essencialmente a rolar, com descidas rápidas e subidas...nem vê-las! este troço foi feito a norte de Carrazeda onde fomos contemplados com montes e vales fascinantes. Assim que chegamos a Paradela começamos a subir por uma calçada técnica que a meio estava destruídas pelas recentes investidas das niveladoras - ultrapassado este obstáculo, não natural! - iniciamos uma descida muito técnica até ao Castanheiro, que foi nosso 1º ponto de reagrupamento. Nesta descida um dos guias não se desviou nas pedras e ficou com o tubo da suspensão na mão! mas voltando ao Castanheiro, foi um ponto de reagrupamento assistência onde nada faltava desde as agulhas para enfartes, canadianas, soro, álcool, bisturis etc e água...se bem que o ArturN e o K2 preferiram "dar a volta" a uma idosa para ver se ela lhes enchia os Camelos com liquido típico da região e não água.

Partimos então para a subida mais difícil de todo o percurso, foram 900 metros de grande inclinação mas em que mais uma vez a paisagem quase! fazia esquecer o esforço e a técnica necessária.
Apartir daqui o objectivo era o Castelo de Ansiães, passando por Marzagão e pela sua bonita igreja e pela ponte romana, sempre em trilhos largos predominantemente a rolar e sempre com o Castelo (lá no alto) á vista, esta subida foi feita por asfalto mas mesmo assim, não deixou de ser difícil e divertida quer fosse pela beleza da subida quer pelo imenso publico em delírio completo ao ver-nos passar. A entrada para o Castelo fez-se pela entrada principal seguida de uma calçada que nos levou até ao 2º ( e ultimo) grande reagrupamento e repasto. Aqui foi tempo de debater a questão daqueles que não dominam a arte de andar de bike e como tal usam FS´s e daqueles rijos e puristas que não largam as HT.

Seguimos para a aldeia de Lavandeira por uma calçada romana muito bonita mas que a meio da mesma toda a organização ficou estupefacta ao constatar que a mesma tinha sido abruptamente interrompida para dar lugar ao prolongamento de uma rua...
Continuamos em direcção a Selores e á Casa de Selores que possui uma arquitectura lindíssima e um Brasão digno de registo - sempre a descer - depois em direcção ao Seixo e Ribeira Grande para dar-mos inicio ao ex-libris (betetisticamente falando) da região que é a descida para o Douro pelo meio das vinhas em direcção á Sr.ª da Ribeira ( e ao javali). Foram 6km de muita adrenalina subitamente interrompida pela calma que as paisagens e o rio proporcionavam.

No domingo foram apenas 13 km no planalto de Carrazeda que começou por uma volta ao centro histórico seguido de trilhos muito técnicos até Mogo de Ansiães e Belver, apartir daí foi a lindíssima descida para a Barragem e piscina de Carrazeda. Neste dia o trilho foi muito bonito e técnico porque pedalamos grandes distancias sobre rochas enormes. Para o ano vamos aproveitar esta zona e faze-la no sábado (com mais km´s claro).
.
O que se passou durante...
.
Partimos +/- dentro do programado e lá começamos todos alegremente a subir para o inicio do passeio, ao fim de 200 metros já o RaCing Martins estava na berma com problema internos na suspensão...e logo o expoente máximo da organização e representante do BCG. Uns km´s á frente num cruzamento bem assinalado o ArturN decidiu seguir em sentido contrário na expectativa de que aquela casa mais abaixo tivesse uma adega e um lavrador a precisar de uma opinião sobre o seu vinho, escusado será dizer que atrás de um português (que vai p\\ a adega) vão logo dois ou três! Na subida do Castanheiro sem duvida nenhuma que admirei a forma como o K2 admirava a paisagem: "Tô Aníbal? Epah tou aqui com umas paisagens...." ele telefonava aos amigos, ele filmava, ele tirava fotos, ele regalava os olhos com a paisagem...este sim é o verdadeiro espírito de um passeio. No fim da subida passou-se algo estranho, lá em cima estava uma enorme adega aberta aos participantes deste passeio mas que ninguém lá quis entrar e conhecer o vinho generoso que lá estava!! Provavelmente a subida apenas acordou o instinto "Pantani" dos participantes àquela altura apenas queriam dar gáz nas bikes. Nesta altura o Xequemate (mouro que levei comigo para o passeio) ultrapassou toda a gente e fez de guia até....ao cerejal!! Na subida para o Castelo o Pedro e a sua bike de 24,5kg fizeram um trajecto alternativo directo para a descida, imaginem porquê!

Já no Castelo apesar do Artur não ter discursado perante o novo povo que lá se instalou, deu inicio a uma animada mas sem resposta plausível da superioridade das HT em qualquer trilho. Há que realçar as qualidades atlética de todos os BCG´s que assim que lhes começou a cheirar a Sr.ª da Ribeira e a Javali superiorizaram-se fisicamente a todos os "adversários" de mesa. O ArturN sempre que entravamos em estrada sussurrava para mim e para o Xequemate: "Vamos mostrar a estes gajos como é que se anda na estrada ehehehehhe vocês sabem do que é que estou a falarrr". O k2 bem tentou...na aldeia da Beira Grande uma idosa ía a atravessar a sua pacata rua quando aparece um XPTO vindo de cima (ou do céu qui ça) montado numa K2 CARBONizada com uns óculos muito Nasa style e que apenas com um "Boa Tarde" encostou a velha á parede, é claro que o único objectivo do K2 era ganhar a confiança da velha para ela revelar de que vinho era feita a sua adega, foram precisos mais 6 ou 7 alienígenas para convencer a velhinha a atravessar os 5 metros da rua. Todos acharam muito piada excepto o K2 que a 6km do fim ainda levava água no Camelo! Eu vim a fechar o grupo e a recolher os desorientados, a dar a assistência devida e a 1km da Srª da Ribeira tive o 2º furo do ano, desta vez á frente, troquei de camara mas estava furada!! é que no fim de semana anterior eu tinha emprestado a minha um "amigo" que mais tarde me devolveu...a furada! e lá fiz um jogging até ao restaurante, não fosse o Artur dar ordem para entrar o Javali e eu ainda estivesse no meio das vinhas!!

Domingo todos se cortaram!!!! ninguém apareceu e houve até membros do Fórum BCG que possuem veículos 4X4 que apesar de criticarem as conversas sobre carros no Fórum....durante o passeio do mesmo preferiram fazer TT. Haja coerência. Mesmo assim foi um grupo coeso, em trilhos muito bonitos, com discussões pertinentes e depois com umas "Bombas" para a piscina :) Sabiam que a RTP falhou por pouco a transmissão deste passeio? Foi desviada para a insólita história do queijo enfeitiçado de Misquel....havíamos de lá estar para validar ou não o di-to feitiço eheheh!
.
A Organização
.
Esteve bem e tenho de realçar o esforço de todos os Carrezedenses, que são pessoas hospitaleiras, "de porta aberta e mesa posta, de mão rugosa mas de aperto franco e amigo, de aspecto austero mas de coração disponível para a dádiva e a emoção".
Não foi muito fácil devido a contrariedades várias mas a frase anterior diz tudo. Não quero destacar ninguém mas acho que há 3 ou 4 pessoas que merecem ficar registas neste passeio: O Rui Martins, pela sua disponibilidade, responsabilidade e agradável maneira de receber a malta. Paulo Tavares e Carlos Abel sempre dispostos a encontrar novas soluções para o percurso e para o nosso médico Dr. Silva Ferreira que para além de nos ter cedido material técnico (o jipe dele) fez mais de 50 horas seguidas de urgências, em dias muito complicados, e que apesar de um acontecimento trágico para todos os Carrezedenses e de certa forma para ele em especial, conseguiu sair ás 14:30 e estar connosco ás 15:00 na partida sempre disponível quer fosse por motivos de saúde, mecânicos ou logísticos.

Posso-vos dizer que muito do que se passou neste passeio foi decidido na discoteca local, á volta da mesa de alguém, nos banhos quentes (água com enxofre) ao ar livre nas termas de S.º Lourenço ás 3:00 da manhã e nas padarias da região ás4:00 da manhã, bem revelador do esforço organizativo e da busca de inspiração! :)
.
Em conclusão, quem não foi não sabe o que perdeu, valeu bem a pena quer para os que participaram quer para os que organizaram. Certo de que ainda há muita coisa para contar um Bem haja a todos e que este passeio se repita por muitos anos.

Sem comentários: